TEXTO: ZEMA RIBEIRO
FOTOS: ROSANA BARROS
João Pedro Borges sempre ressalta que sua parceria com o
Sesc já vem de longas datas. Lembra sua participação no Sonora Brasil, quando
percorreu 80 municípios brasileiros ao lado do gaúcho Daniel Wolff, e, ano
passado, sua participação na Aldeia Sesc Guajajara de Artes, quando apresentou
uma versão enxuta de seu Recital de
Música Brasileira, com a cantora Célia Maria.
Ontem (29), na programação da nona edição do evento, o músico encarou uma plateia de estudantes de nível
médio, no auditório do Colégio Marcelino Champagnat, o antigo Marista do
Centro. Entre alunos, professores e funcionários, mais de 100 pessoas
assistiram ao concerto, em que passeou pela história do violão brasileiro.
“É impossível mostrar tudo, já que o tempo do concerto é
curto, mas a gente dá uma pincelada em momentos importantes”, disse ao
apresentar-se, antes de iniciar o espetáculo, que durou cerca de uma hora.
Trajetória – Um dos
nomes mais importantes do instrumento no país, com reconhecimento
internacional, João Pedro Borges participou de diversos momentos importantes da
música brasileira, sobretudo o choro. No Rio de Janeiro foi aluno de Jodacil
Damasceno e entre o fim da década de 1970 e 80 integrou a Camerata Carioca,
liderada pelo maestro gaúcho Radamés Gnattali; fundou a Escola de Música do Estado
do Maranhão Lilah Lisboa de Araújo, em 1974; em 1982 estava entre os artistas
brasileiros que introduziram o choro nos Estados Unidos, ao lado de, entre
outros, o também maranhense Turíbio Santos; em 1985 lançou um disco, hoje raro,
dedicado a e intitulado A obra para
violão de Paulinho da Viola, com participação do compositor, e de seu pai,
o saudoso violonista Cesar Faria, do Conjunto Época de Ouro, de Jacob do
Bandolim – todos, nomes lembrados por João Pedro Borges ao longo de sua
apresentação.
Repertório – O professor
de violão foi bastante didático e ao longo dos números que desfilava, contava
um pouco da história das peças e de seus autores. Destacou, por exemplo, a genialidade
de Heitor Villa-Lobos, a quem classificou de “o músico mais importante da
história da música brasileira em todos os tempos”. Com ele abriu o primeiro
bloco do concerto, tocando um estudo, um prelúdio e o Choro nº. 1, dedicado a Ernesto Nazaré.
Atenta, a plateia reagia, ao fim de cada música, com
aplausos e gritos histéricos. João Pedro Borges passeou ainda por nomes como
João Pernambuco (Interrogando),
Ernesto Nazaré (Tenebroso), Paulinho
da Viola (Valsa da vida e Itanhangá) e encerrou a apresentação com
o Choro (Radamés Gnattali), da suíte Brasiliana (RG), dedicado a Turíbio
Santos.
João Pedro Borges agradeceu a oportunidade proporcionada
pelo Sesc e a recepção calorosa da plateia. “É muito importante promover
momentos assim com o público dessa faixa etária, que é quando se está definindo
os gostos”, afirmou.
Alunos e alunas – alguns estudantes de música – cercaram o
violonista na saída, no pátio do colégio. Astro de sua magnitude, João Pedro
Borges não escapou de ouvir elogios enquanto retribuía o carinho em cadernos
escolares, em uma espontânea sessão de autógrafos.