12 de nov. de 2013

Poesias e rimas para mudar o mundo na Aldeia Sesc

Na quinta (31), a Cia. Direto da Fonte apresentou o espetáculo “Poemas para Che”. Na Praça Nauro Machado, a noite foi das rimas e poesias do rap e hip hop.


Já escreveu o poeta Ferreira Gullar que a poesia nasce do espanto, de alguma coisa que surpreenda e ainda não tenha descoberto na vida. Na 8ª Aldeia Sesc Guajajara de Artes, ela se manifestou em outras linguagens, pelas via das artes cênicas e das rimas do rap e do hip hop, na noite de quinta (31).

A relação entre luta e poesia foi o tema da peça “Poemas para Che”, apresentado no palco do Teatro João do Vale, às 18h30, pela Cia. Direto da Fonte, inspirado no caderno de anotações do guerrilheiro.

Quem começa a história é o personagem Dom Pedro Casaldáliga (bispo católico defensor da causa indígena no Brasil), interpretado pelo ator Domingos Tourinho, que vai contando a história de luta e poesia do líder da revolução cubana. O roteiro da peça é baseado nas informações encontradas no diário. Na montagem do diretor Charles Melo, as cenas não seguem fielmente as anotações do livro. Novas situações são criadas, com recriação de cenas de guerrilhas e de pessoas que ele encontrava no meio de sua trajetória obstinada.

Os textos do Caderno Verde de Che foram escritos entre novembro de 1966 e outubro de 1967. O espetáculo intercala os poemas preferidos do guerrilheiro, de autores como Pablo Neruda, Nicolás Guillén, César Vallejo e León Felipe, além de outros autores escolhidos pelo diretor, como Ferreira Gullar e Dom Pedro Casaldáliga. A peça consegue vincular a poesia com a luta armada, a luta de frente de homem com seus ideais e que não perdia a ternura, jamais.

Dona Derrisão

No palco do Teatro Alcione Nazareth, às 19h, a Petit Mort Teatro apresentou seu mais recente espetáculo, “Dona Derrisão”, inspirado em pessoas idosas, vítimas do Mal de Azheimer.

Músicas de Roberto Carlos e outras canções do tempo da Jovem Guarda vão conduzindo o espectador para a ambiência sonora de outras juventudes, de memórias que o rádio costuma alcançar. Em cena, Osvaldo, um velho que vai retomando e confundindo suas lembranças. Passado e presente se misturam em personagens que vão dialogando com ele.

A decadência é representada pelo artista que virou mendigo, Julio de Julio. A falta de memória de Osvaldo em relação ao artista evidencia o sentido de valor que tem a identidade dos sujeitos com suas autobiografias. Nas suas confusões de lembranças, o velho conversa com sua própria juventude. Suas ações são vistas pelos outros como um comportamento inadequado e irregular. A morte está sempre presente, à espreita, seja no próprio cenário (um ponto de ônibus com teto que lembram duas asas), seja em personagens em situações de coma ou quase-morte que conversam com Osvaldo.

A história ganha sentido quando se ouve ao fundo o depoimento real de pessoas que tiveram que lidar com vítimas de Alzheimer, suas reações, o comportamento e a confusão mental. O espetáculo chega ao lirismo de perceber a vida como um sopro leve de ventilador. Na canção do ator Nuno Lilah Lisboa, composta para o espetáculo, o espectador também busca em suas memórias radiofônicas as lembranças do tempo que se perdeu.

Cinema

Na Mostra CineMundi, dentro da programação da Aldeia Sesc, no Cine Praia Grande, foram exibidos os filmes canadenses O Vendedor (2011), às 18h, e Incêndios (2010), às 20h.

Hoje, às 18h, a mostra termina com a exibição do filme “Luíses – Solrealismo maranhense”, às 18h, uma produção local baseada na lenda da serpente e no cotidiano dos maranhenses.

Poesia pela mudança social em rap e hip hop

Às 20h, na Praça Nauro Machado, o DJ Alladin já executava sua discotecagem fazendo misturas de estilos e beats diversos.

Na sequência, o Plano Somma ganhou o palco, com muita atitude e vontade de som. Nas letras e rimas, espaços da cidade, situações e gírias de rua em refrãos rápidos e diretos, como “eu sou cabôco, eu sou; eu sou da mata, eu sou da mata” (caboco), que dialogam com as matrizes da cultura brasileira dos sambas de terreiro.

O Plano Somma é formado por DJ Juarez e os MC’s Felipeza e Maciel.

Em seguida foi a vez de Costelo e a banda T. A. Calibre 1 tocarem o repertório do celebrado disco “Balaio”, reconhecido por críticos como o melhor da cena maranhense a misturar hip hop com ritmos regionais. Na formação para o show, o grupo contou com o auxílio dos músicos Beto Pio (saxofone) e Hugo (baixo) e das cantoras Cris Campos e Fernanda nos vocais.

Eles contagiaram o público com sucessos como “lata d’água”, “a voz do morro”, “groove balaio”, “berô a beira mar”, “beats pesados” e “soldados da repressão”. A formação organizada para o show Groove Balaio mostrou que Costelo e sua turma continuam com bala na agulha das rimas e poesias, com ouvidos atentos à realidade social e mais musicais como sempre.

8ª Aldeia Sesc

A 8ª Aldeia Guajajara de Artes segue até hoje, 1º de novembro, em São Luís. Nas cidades de Itapecuru e Caxias, a programação acontece de 03 a 09 de novembro, com oficinas, espetáculos teatrais e shows. A mostra é gratuita, mas o público pode colaborar com o Programa Mesa Brasil do Sesc, que complementa milhares de refeições de crianças e adolescentes de São Luís e Caxias, doando 1 kg de alimento não-perecível nas bilheterias dos teatros.

O objetivo do evento é difundir a cultura brasileira e o talento da produção local nas mais diversas linguagens, trazendo espetáculos de circulação nacional e promover a formação de plateia. Este ano o evento passou a se chamar Aldeia, que são as mostras de arte e cultura organizadas pelos Departamentos Regionais do Sesc visando fortalecer os laços comunitários de artistas, espectadores e produtores, buscando inovar e diversificar o circuito cultural brasileiro.

Programação completa e mais informações

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Aldeia Sesc oferece segunda com arte em quatro linguagens

Na segunda (28), a 8ª Aldeia Sesc Guajajara de Artes contou com cordel, artes cênicas, filmes e espetáculos de dança.


Ao final da tarde de segunda, na Praça Nauro Machado, foi anunciada a morte de Lampião. “Um cabra de Lampião / por nome Pilão Deitado / que morreu numa trincheira / em certo tempo passado / agora pelo sertão / anda correndo visão / fazendo mal-assombrado”. O corpo do velho cangaceiro ia sendo carregado numa rede por um grupo cantando ladainhas fúnebres. Aos poucos, todos iam parando para ver o que acontecia.  Em rimas de cordel vão narrando a chegada de Lampião às portas do Céu. 

Era a apresentação da Trupe BemDito Coletivo que tem como proposta levar as tradições populares do sertão brasileiro para a rua, praças, escolas ou salas de teatro. O espetáculo “A Chegada de Lampião ao Inferno” chamou a atenção de Carlos Silva, 16 anos. “Eu estava de passagem e resolvi parar porque gosto de cordel, meu avô gostava de contar histórias pra gente dessa maneira, com versos”, disse. 

Os versos continuam. Lampião é rejeitado por São Pedro e vai parar na porta do inferno. “O inferno nesse dia / faltou pouco para virar / incensiou-se o mercado / morreu tanto cão queimado / que faz até pena contar”, declamam os atores. 

A narrativa é um cordel escrito pelo pernambucano José Pacheco da Rocha. Na peça, os atores Layo Bulhão (Diabo), Edinaldo Jr. (Diabo e Diaba Moça), Paulo Roberto Aguiar (Lampião e Maria Bonita) e Rafael Feitosa (vigia do Inferno e padre) se revezam entre os narradores e personagens. Todo o figurino usado no espetáculo foi produzido pelos próprios, que tocam pandeiro, triângulo e caixa como recurso de sonoplastia .    


Leituras em Cena

Como parte do Projeto Dramaturgia, idealizado pelo Departamento Nacional do Sesc, quatro grupos de teatro fizeram a leitura dramática de três autores contemporâneos, os maranhense Zen Salles e Aci Campelo e o amazonense Francisco Carlos. 
No projeto, não há uma montagem ou atuação completa da obra. Os atores sobem ao palco e leem o texto. O que se ressalta na leitura são as potencialidades cênicas que a narrativa dramatúrgica tem. E cada espectador vai se sentido como co-diretor, simulando imagens de como o texto poderia ser encenado. 


                            

Em “Pororoca”, de Zen Salles, histórias fantásticas em torno do Rio Mearim falavam sobre personagens e ribeirinhos que vivem suas vidas em torno das lendas criadas pelo fenômeno raro da invasão das águas do mar sobre o rio. O texto descreve crendices, hábitos e pessoas que são atraídas pelo fenômeno como Siba, o pescador de surubim que vê a visagem da mulher do rio, a velha Jacy, uma índia que perdeu a sombra, o surfista, que busca as ondas e deixa grávidas meninas da região. 
O linguajar reforça características do sotaque maranhense e o texto é cheio de expressões despudoradas, como se a força da onda gigante das águas atraísse as tensões sexuais e despertasse o fluxo dos desejos dos personagens, tendo o Rio Mearim representando a linha do destino de cada um deles, oferecendo as principais condições de sobrevivência e também cobrando de volta o que tiram dele sem permissão.
Além de “Pororoca”, receberam leituras dramatizadas os textos “Os Salvados”, de Aci Campelo, com direção de Ivaldo Cantanhede; “Banquete Tupinambá”, de Francisco Carlos, com direção de Luiz Pazzini; e “Agridoce”, de Zen Salles, com direção de Luis Pazzini e Cássia Pires, respectivamente.




Cinema

“Medianeiras”, filme argentino do diretor Gustavo Taretto, abriu a programação da Mostra CineMundi, dentro da Aldeia Sesc, no Cine Praia Grande, às 18h.

O filme inicia descrevendo imagens e prédios, janelas, os diferentes estilos arquitetônicos, o crescimento desordenado de edifícios e a solidão dos moradores isolados em apartamentos. O isolamento gera transtornos, como o do personagem Martin, que sofre síndrome de pânico, e Mariana, que se torna claustrofóbica. Os dois conduzem a narrativa e os espectadores vão acompanhando a rotina deles, moradores do mesmo edifício, mas que não se conhecem.
Buenos Aires pode ser considerada a terceira protagonista do filme na relação do modo de vida de cada pessoa com a arquitetura e estrutura caótica de uma grande cidade. O isolamento, os desencontros, a falta de afeto e vínculo amoroso estão nas grandes capitais cosmopolitas como características dos nossos tempos.

Na sequência, 20h, foi exibido o filme “Pina”, documentário dirigido por Wim Wenders que homenageia a bailarina Pina Bausch. Filmado em 3D, a película faz o expectador ter a sensação de estar em uma sala de teatro ou de dança, perto dos atores e bailarinos.
Além da bailarina, a arte da dança é a grande história apresentada no filme. Coreografias que comunicam experiências subjetivas, a sensação de liberdade, repetição, inquietações e angústias do homem moderno. Os bailarinos viram atores em imagens de gratidão, perda e no reconhecimento da experiência de aprendizagem com Pina.

O filme consegue explorar ao máximo a linguagem da dança como expressão não verbal, mas pela via das emoções e movimentos. Na história da arte contemporânea, Pina deixou sua marca artística, estética e filosófica, rompendo com as formas tradicionais da dança-teatro, com coreografias baseadas nas experiências de vida dos seus bailarinos.
Até a sexta-feira (1º), serão exibidos filmes de nacionalidades diferentes que trazem olhares contemporâneos sobre o amor e o fazer cinematográfico ao redor do mundo. O filme maranhense “Luíses – Solrealismo maranhense” encerra a mostra.


O corpo como obra de arte

No palco do Teatro João do Vale, a Cia Pulsar apresentou o espetáculo de dança “Quinze”, com fragmentos de coreografias desenvolvidas ao longo dos 15 anos de existência da companhia.

No primeiro momento, ao som de uma sinfonia, os bailarinos vão executando movimentos que crescem junto com o andamento da música. Corpos que exibem músculos e delicadezas como se estivessem no Olimpo grego. Coreografias sincronizadas que depois se dispersam em solos improvisados de cada bailarino.

Segundo momento. Ouve-se a voz do ator Auro Juriciê narrando um texto poético. “O vazio não está vazio. Não somos livres. Somos cárceres do desejo. Prisioneiros de si mesmo. O homem está condenado a viver em cárcere”. Aos poucos os bailarinos iniciam movimentos inquietos, com corpos que se esbarram, outros que tentam se tocar, alguns que rastreiam com os pés o melhor terreno, com desconfiança, outros que, por fim, se libertam ao prazer do desejo e a intensidade do afeto.

Terceiro momento. Ouve-se o texto, “a liberdade da mariposa fica presa à luz”. Som de trânsito e de acidente. Um corpo é carregado. A coreografia revela tensões, pressa, conflitos. A luta provocada pela raiva, pela perda. Dois bailarinos simulam a dança entre dois manequins. Metáfora da marionete humana. Somos conduzidos pela vontade do outro.

Quarto momento. Som de máquina de datilografia. Três casais no palco. Os movimentos descrevem a escrita de três relações com coreografias que expressam a atração intensa e repulsão, os desejos humanos. Ouve-se ao piano “Clair de Lune”, de Debussy. Os movimentos vão diminuindo. Sensações como solidão, separação, submissão, apego e vontade do outro. A tentativa da reconciliação. A passionalidade dos afetos.

Após a apresentação da Cia. Pulsar, o público se depara com dois corpos nus no hall de entrada do teatro. Deitados e dispostos em direção contrária, como se simbolizassem a oposição masculino x feminino, os arquétipos de gênero que se complementam, seus corpos tornaram-se o caderno de assinaturas do público. Timidamente, as pessoas assinavam nomes e outras palavras. Os corpos dos dois performers da Companhia Núcleo Atmosfera de Dança e Teatro foram aos poucos se tornando suporte de mensagens das necessidades subjetivas de cada um. Entre nomes e frases, as palavras “amor”, “poesia”, “arte” e “atitude”, grafadas nos corpos dos dois, pareciam revelar as urgências coletivas de todos nós.


8ª Aldeia Sesc

A 8ª Aldeia Guajajara de Artes segue até o dia 1º de novembro, em São Luís. Nas cidades de Itapecuru e Caxias, a programação acontece de 03 a 09 de novembro, com oficinas, espetáculos teatrais e shows. A mostra é gratuita, mas o público pode colaborar com o Programa Mesa Brasil do Sesc, que complementa milhares de refeições de crianças e adolescentes de São Luís e Caxias, doando 1 kg de alimento não-perecível nas bilheterias dos teatros.

O objetivo do evento é difundir a cultura brasileira e o talento da produção local nas mais diversas linguagens, trazendo espetáculos de circulação nacional e promover a formação de plateia. Este ano o evento passou a se chamar Aldeia, que são as mostras de arte e cultura organizadas pelos Departamentos Regionais do Sesc visando fortalecer os laços comunitários de artistas, espectadores e produtores, buscando inovar e diversificar o circuito cultural brasileiro.

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9 de nov. de 2013

Aldeia Sesc promove domingo de delicadezas, dramas e música brasileira

No domingo (27), a 8ª Aldeia Sesc Guajajara de Artes exibiu espetáculos infantis e montagens contemporâneas nos principais teatros. Na Praça Nauro Machado houve show de grupos de choro.


O Centro Histórico de São Luís ganhou no domingo passado (27) uma atmosfera poética por conta da programação da 8ª Aldeia Sesc Guajajara de Artes. Espetáculos infantis, peças teatrais e apresentações musicais atraíram para os principais teatros e Praça Nauro Machado um público desejoso por cultura e arte.

Na Sala de Coro do Teatro Arthur Azevedo, a Cia. Gente Falante, do Rio Grande do Sul, ofereceu momento de pura delicadeza no final da tarde com o espetáculo infantil “Louça Cinderella”, uma adaptação da conhecida estória da Gata Borralheira, escrita no século XIX pelos Irmãos Grimm e Charles Perraut, e convertida em teatro narrativo com objetos.

O ator-manipulador Paulo Martins começa dizendo: “Ninguém está só para sempre. Valorize os momentos de encontro”. Usando uma pequena mesa como palco, ele convida a todos a entrar na fantasia do faz-de-conta ativando a memória e a ludicidade de adultos e crianças. Xícaras, bules, louças e outras porcelanas vão servindo de personagens na contação da história. Depois do final feliz, todos são servidos com chá de pêssego e deliciosos biscoitos.

“Louça Cinderella” vai além de ser um simples conto de fadas. O texto fala de encontros entre pessoas, diferenças sociais, a importância de valorizar o conteúdo das pessoas além das aparências, das pequenas delicadezas afetivas, sintetizado na metáfora do hábito cordial britânico de oferecer o Chá das Cinco.

Paulo explicou que a ideia para o espetáculo veio a partir das memórias de sua avó. Uma mulher inglesa que casou com um negro africano para sair de casa. O casal foi morar na Bahia e por muito tempo ela não conseguia demonstrar afeto entre os familiares. Transformar o Chá das Cinco em hábito cotidiano e generoso foi a maneira que ela encontrou de se aproximar dos seus afetos.

No Teatro de Bonecos o ator é também um tipo de poeta e dramaturgo. Os espetáculos são criados a partir da memória e experiência pessoal de cada um. E a memória individual do manipulador vai tocando nas memórias coletivas do público. Este tipo de gênero teatral trabalha com metáforas que fazem pensar, educar e sensibilizar a plateia, com uma nova linguagem na forma de fazer teatro. Os atores estão sempre à vista e são, na maioria das vezes, autores das suas próprias histórias.

Há 22 anos a Cia. Gente Falante pratica este tipo de teatro no Brasil. O gênero já possui tradição na Europa, tendo iniciado no começo da década de 1980, na França, a partir de trabalhos desenvolvidos pela artista Katy Deville. Ele não possui uma teoria, mas diversas visões cenográficas e teatrais. Em junho deste ano, aconteceu em Florianópolis o Festival Internacional de Teatro de Objetos.

No final, a mensagem que permanece é a reflexão sobre as coisas cotidianas e um exercício em ver outras coisas através dos objetos, tocando na intimidade de cada espectador. Um tipo de espetáculo que exige calmaria em tempos de pressa e racionalidade.

Velhos Caem do Céu como Canivetes

No espaço da Pequena Companhia de Teatro, às 20h, o encontro inusitado entre uma criatura alada e um homem miserável tornou-se o epílogo de uma história sobre exílio, fé e esperança de salvação. O homem questiona-se se está diante de um anjo. O anjo desconhece o homem por suas sujeiras e miserabilidade. Eles se tocam e procuram reconhecer-se um no outro. O homem enaltece a figura alada. Acredita que ele poderia se tornar alguém importante, que poderia instaurar uma nova ordem, uma boa nova. O anjo calcula os dias e anseia pelo momento em que poderá retornar do exílio.
Há um jogo de palavras no discurso entre os dois opostos. O homem gosta de ler e usar palavras bonitas. O ser alado solta expressões em língua desconhecida, busca identificações no espaço do quintal do homem. Entre os dois há a sombra da fome, a necessidade de sobreviver. Entre a esperança de um e a resignação do outro há uma disputa. Fica a dúvida sobre quem encerrou seus destinos.

Na programação da Aldeia Sesc, o grupo, formado pelos atores Jorge Choairy, Cláudio Marconcine, e pelo diretor Marcelo Flecha, vai oferecer na cidade de Caxias uma oficina de teatro, no dia 07 de novembro, na Sala de Cultura Martinha Cruz. No mesmo espaço haverá apresentação do espetáculo nos dias 06 (com duas sessões, 19h30 e 20h30) e 07 de novembro (às 20h30).


Encontro de chorões

A noite foi do choro e da música brasileira na Praça Nauro Machado, a partir das 19h, com os shows do violonista João Pedro Borges e a cantora Célia Maria e o encontro inédito dos grupos Instrumental Pixinguinha e Regional Tira-Teima.

A apresentação foi uma reedição do “Recital de Música Brasileira”, projeto realizado há dez anos no Teatro Arthur Azevedo com a apresentação da dupla e um grupo regional de choro.

O encontro entre João Pedro Borges e Célia Maria foi dividido em duas partes. No primeiro momento, o violonista apresentou clássicos da canção instrumental brasileira, como Choro Nº 1 (Heitor Villa-Lobos), Tenebroso (Ernesto Nazareth), Interrogando (João Pernambuco) e Choro Triste Nº1 (Garoto). Depois, foi a vez de chamar ao palco a cantora Célia Maria para interpretar canções de grandes compositores da música popular brasileira. Parcerias de Chico Buarque com Tom Jobim (Olha Maria, Piano na Mangueira e Tema de Amor de Gabriela), com João Bosco (Sinhá), com Cristóvão Bastos (Todo Sentimento) e de próprio punho (Velho Francisco), além de canção de Jayme Ovalle e Manuel Bandeira (Azulão) e composição de João Pedro Borges (Porto Errante).

Depois foi a vez do time de dez bons músicos de choro comprovar, com muito improviso, técnica e qualidade, porque o gênero é um dos mais valorizados entres os amantes da música popular. O momento foi de descontração. O cavaquinhista Juca do Cavaco falou que não houve ensaio e, por conta disso, o repertório foi alterado minutos antes do show. Cheios de ginga e malandragem os senhores da música instrumental fizeram um espetáculo grandioso, agradando aos mais afinados ouvidos musicais. No repertório, choros de compositores como Waldir Azevedo (Pedacinhos do Céu e Delicado), Jacob do Bandolim (Benzinho e Doce de Coco), Naquele Tempo, Paciente, Cochichando e Proezas de Solon (Pixinguinha), entre outros. Na despedida, ainda coube uma homenagem musical ao clube de futebol Sampaio Corrêa pela conquista na Série B do Campeonato Brasileiro, no sábado (26), com os artilheiros do choro executando com maestria o hino do time.




8ª Aldeia Sesc

A 8ª Aldeia Guajajara de Artes segue até o dia 1º de novembro, em São Luís. Nas cidades de Itapecuru e Caxias, a programação acontece de 03 a 09 de novembro, com oficinas, espetáculos teatrais e shows. A mostra é gratuita, mas o público pode colaborar com o Programa Mesa Brasil do Sesc, que complementa milhares de refeições de crianças e adolescentes de São Luís e Caxias, doando 1 kg de alimento não-perecível nas bilheterias dos teatros.

O objetivo do evento é difundir a cultura brasileira e o talento da produção local nas mais diversas linguagens, trazendo espetáculos de circulação nacional e promover a formação de plateia. Este ano o evento passou a se chamar Aldeia, que são as mostras de arte e cultura organizadas pelos Departamentos Regionais do Sesc visando fortalecer os laços comunitários de artistas, espectadores e produtores, buscando inovar e diversificar o circuito cultural brasileiro.

Programação completa e mais informações

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1 de nov. de 2013

Aldeia Sesc promove overdose de cultura e arte com a Over12

Último dia da 8ª Aldeia Sesc Guajajara de Artes, em São Luís, contará com 12 horas de atividades artísticas e culturais. A banda Babi Jaques e os Sicilianos (PE) encerra o evento.
  
Teatro, música, dança, cinema, fotografia, artes plásticas em oito dias de vasta programação. Assim foi a 8ª Aldeia Sesc Guajajara de Artes que encerra suas atividades em São Luís nesta sexta (dia 1º), com a realização da Over12, uma overdose de cultura e arte com 12 horas seguidas de apresentações culturais, performances, intervenções e shows musicais. Tudo começa às 12h na Área de Vivência e entorno do Sesc Deodoro e encerra às 24h na Praça Nauro Machado com show da banda pernambucana Babi Jaques e os Sicilianos.

A partir do meio dia o Grupo Rádio Casarão executará discotecagem de músicas nacionais e internacionais de várias vertentes e gêneros musicais fazendo conexões entres estilos e ritmos. Os visitantes serão recebidos também pelo ator Gilson César que, ao som do realejo (espécie de órgão portátil) e gaiola na mão, distribuirá poesia e canções de forma cênica e lúdica. Após o momento de interação, o Grupo NEET apresenta, às 12h30, a performance “Entremeios”, propondo reflexão sobre o processo de comunicação e interação entre as pessoas na contemporaneidade. Ainda tratando das relações do corpo e as simbologias das experiências femininas com o sagrado, o Núcleo Artístico Feminista apresenta, às 13h30, a performance “Cárites do Divino”, com toque de caixas revelando sensações existentes entre as mulheres e o Divino. Das 15h às 19h acontecerá a tradicional morte do Boi Brilho do Sesc.

(Cárites do Divino/MA | Foto: Celiane Louzeiro)



Intervenções Urbanas

Ainda no Sesc Deodoro, o artista Layo Bulhão e o Grupo BemDito Coletivo farão a intervenção “Cardume”, às 14h. Depois, será a vez do Núcleo Atmosfera ganhar as ruas executando uma performance urbana de dança no tempo do sinal fechado dos semáforos.

(Cardume/MA | Foto: Camila Grimaldi)


No Terminal da Integração, uma intervenção fotográfica dos artistas Dinho Araújo e Deca Barros promove o exercício do olhar entre os usuários daquele espaço. À tarde, pelas ruas do Centro Histórico, quatro artistas inserem palavras em lugares insólitos, chamando atenção para as construções e as relações com seus habitantes, com a intervenção “[des]acordo poético”. Às 16h, as árvores da Praça Nauro Machado vão receber ninhos sonoros que vão ressoar o canto dos japins (um tipo de ave tecelã) cruzado com cantos indígenas na intervenção sonora “Sobre ninhos e niños”.

Teatro na Praça

Às 17 horas será a vez das Artes Cênicas, com a apresentação na Praça Nauro Machado do espetáculo “La Perseguida”, do Grupo Teatro VagaMundo, do Rio Grande Do Sul.



Criado a partir de números clássicos de grandes palhaços, a peça é indicada para crianças a partir dos 10 anos e conta a história de Rabito, um palhaço melancólico, dócil e cruel que espera pelo grande amor de sua vida por entre acrobacias, malabarismos e equilibrismos, cheio de improviso.  O espetáculo, que integra o Projeto Palco Giratório, é cheio de improvisos e armadilhas para o público aventurar-se junto com a história comovente do palhaço.

Depois, às 18h, o Grupo Tibanaré, do Mato Grosso, apresenta “Andarilhos das Estrelas”, com 7 atores caracterizados que vão às ruas e espreitam as mais diferentes pessoas, na tentativa de quebrar a rotina e a automatização delas usando diferentes estratégias: gestualizações, musicalidade e um bocado de poesia, muitas delas, de autores regionais.

Cinema

Às 18h, haverá a exibição de “Luíses – Solrealismo Maranhense”, produção cinematográfica local, na programação da Mostra CineMundi (Cine Praia Grande). A partir da lenda serpente do tamanho da Ilha, que cresce adormecida nas galerias subterrâneas da cidade de São Luís, o filme conta as histórias de ludovicenses  que enfrentam situações surreais para seguirem vivendo em meio a um cotidiano bruto,  sem perceberem que estão passando por tal situação. O real e o imaginário caminham juntos na história até chegar ao que eles definem como movimento solrealista. Após a exibição haverá debate com a presença dos produtores, o Éguas Coletivo Audiovisual.




Shows musicais

A partir das 19h, o palco do SESC na Praça Nauro Machado será ocupado pelo talento da cantora Natália Ferro, a banda Baré de Casco e a Banda Babi Jaques e os Sicilianos (PE), além da discotecagem dos DJ’s Drumagick, de São Paulo.
Drumagick é a dupla de DJ’s Jr.Deep e Guilherme Lopes, responsáveis por exportar a batida do drum’n’bass brasileiro para palcos da Europa e dos Estados Unidos, ao lado dos Dj’s Marky, Patife e XRS. Uma de suas músicas, “Easy Boom”, com sampler de Jorge Benjor, foi uma das peças-chave do som que, lá fora, ganhou o nome de Brazilian drum’n’bass.

 


Às 20h, a irreverente banda Baré de Casco assume o palco com repertório de releituras pop de músicas bregas ou ‘cafonas’. No repertório, músicas de artistas de diversos gêneros musicais, de Fagner a Reginaldo Rossi, de Josias Sobrinho a Geraldo Azevedo, de Zeca Baleiro a Mamonas Assassinas, definindo-se seu estilo como “chifre music”, ou seja, música dos corações partidos e do sentimento nostálgico.

 

Às 21h30 sobe a palco uma das revelações da música pop-rock produzida em São Luís. A cantora Natália Ferro apresentará show “Instante”, também nome do seu mais recente EP. Com uma voz doce, a cantora promove em seu repertório uma bricolagem sonora de várias estilos (rock, brega, blues, reggae, entre outros) formatados em arranjos de sonoridade pop.

  

A grande expectativa da noite fica por conta da banda pernambucana Babi Jaques e os Sicilianos, que mais uma vez volta à São Luís a convite do Sesc no Maranhão, para apresentar o show “Coisa Nostra” que mistura teatro, música, encenações, performance e projeções e reforça o sentido do tema da Aldeia deste ano, “Multilinguagens e híbridas expressões na contemporaneidade”.



Com cenografia e iluminação caprichada, o grupo transforma o palco em uma realidade paralela, transformando os músicos em um grupo de mafiosos que vivem em uma ilha fantástica que se move pelo mundo, chamada Nostrife, com estética da década de 50 e a contemporaneidade simultaneamente. Musicalmente apresentam a proposta de criar trilhas sonoras para as letras, causando múltiplas sensações através do som,

Mais performances e dança

Em paralelo às apresentações musicais haverá também as intervenções de artistas por toda a Praça Nauro Machado, até às 00h.

Para comandar as performances e intervenções foram convidados os grupos NETT (“Viva Malazarte”), Layo Bulhão e BemDito Coletivo (“Grito Coletivo”), Cia. Do Imaginário (“Sonoridade Roots”), Núcleo de Formação Attivitá (“Conexos”) e Roberta Carvalho/PA (“Symbiosis”).

O Grupo BemDito Coletivo vai transitar com bicicletas iluminadas e munidas de livros por entre as ruas, procurando e recitando poesias de antigos e novos poetas maranhenses. O Grupo NEET apresentará a performance Viva Malazarte.

O ator Vinícius Viana apresenta “Encantado”, performance baseada nas rodas de Tambor de Mina do Maranhão que propõe a divisão entre palco e plateia fazendo da cena uma experiência ritualística, física e espiritual. Também se apresentarão a atriz Valda Lino (“Todas as mulheres amam”) e o Núcleo Atmosfera (“Cicatrizes”).

Durante o último dia da Mostra estarão sendo recebidas as doações de 1 quilo de alimento não-perecível, que serão trocados pelos ingressos das apresentações que acontecerem em espaços fechados. Os alimentos arrecadados serão encaminhados às entidades beneficentes atendidas pelo Programa Mesa Brasil SESC.

8ª Aldeia Sesc

A 8ª Aldeia Sesc Guajajara de Artes segue até Itapecuru e Caxias, entre os dias 03 a 09 de novembro, com oficinas, espetáculos teatrais e shows. O objetivo do evento é difundir a cultura brasileira e o talento da produção local nas mais diversas linguagens, trazendo espetáculos de circulação nacional e promover a formação de plateia. Este ano o evento passou a se chamar Aldeia, que são as mostras de arte e cultura organizadas pelos Departamentos Regionais do Sesc visando fortalecer os laços comunitários de artistas, espectadores e produtores, buscando inovar e diversificar o circuito cultural brasileiro.

PROGRAMAÇÃO DO OVER12H

Sesc Deodoro

12h - Discotecagem Rádio Casarão/MA – Restaurante Sesc Deodoro
12h - Intervenção Poética “Realejo” – Gilson César/MA
12h30 - Show “Poeta de Rima Pobre – Projeto Cordão de Feira/MA
12h30 - Performance “Entremeios” – NEET/MA
13h30 - Performance “Cárites do Divino” – Grupo NAFEM/MA
14h - Intervenção “Cardume” – Layo Bulhão/MA + BemDito Coletivo/MA
14h30 - Intervenção Urbana “Sinal” – Núcleo Atmosfera – NUA/MA (Semáforo da Praça Deodoro)

Programação Morte do Boi Brilho do Sesc
15h às 19h
Área de Vivência do Sesc Deodoro

Praça Nauro Machado
17h - Projeto Palco Giratório - Espetáculo “La Perseguida”– Teatro VagaMundo/RS – Praça Nauro Machado
18h - Espetáculo teatral “Andarilho nas estrelas” com o grupo Tibanaré/MT – Praça Nauro Machado
18h - Projeto Sonoridade Roots – Cia. do Imaginário/MA – Praça Valdelino Cécio

19h às 00
Intervenções, Performances, Instalação e shows

Intervenções:
“Viva Malazarte” – NEET/MA
“Grito Coletivo” – Layo Bulhão/MA + BemDito Coletivo/MA
“Sonoridade Roots” – Cia. do Imaginário/MA
-“Conexos” - Núcleo de Formação Attivitá/MA
“Symbiosis” - Roberta Carvalho/PA

“Poesia em Trânsito” - BemDito Coletivo/MA

Performances:
“Todas as mulheres amam” – Valda Lino/MA
“Encantado” – Vinícius Viana/MA
“Cicatrizes” - Núcleo Atmosfera – NUA/MA

Shows:
19h - DJ Drumagick/SP
20h - “Podemos Reviver” com a banda Baré de Casco/MA
21h30 - “Instante” com Natália Ferro/MA
23h - “Coisa Nostra”, com Babi Jaques e os Sicilianos/PE

Mais informações


(98) 3216 3800 / (98) 3216 3886 / (98)88711079