Realizada pela primeira vez em 2006,
a Aldeia Sesc Guajajara de Artes, originalmente chamada de Mostra Sesc
Guajajara de Artes, teve início com a perspectiva de reunir e difundir a
produção artística local, proporcionando a ampliação do alcance dos projetos
Palco Giratório e Dramaturgia, do Departamento Nacional, e os projetos Por Trás
da Cena, Sesc Instrumental, Pauta das Artes e Mãos à Obra, do Departamento
Regional no Maranhão. Em sua primeira edição, apresentou um formato menos
abrangente em relação à pluralidade de linguagens artísticas, mantendo-se como
mostra de artes cênicas até a sua terceira edição, em 2008. No ano seguinte,
apresentou uma composição multifacetada envolvendo uma gama maior de formas de
expressão, referenciando-se na Mostra
Sesc Cariri de Cultura/CE, considerada a aldeia mãe.
Nos anos seguintes, o projeto
se reinventou provocando importantes reflexões a partir de temas atinentes ao
cenário local e nacional. Dessa forma, em 2014 a Aldeia trouxe a temática da
importância das redes de cultura e o papel das
mesmas para consolidação de projetos e iniciativas culturais. Nessa edição, a cidade foi transformada em uma
grande aldeia, com ocupação de equipamentos culturais, praças e ruas, tecendo
uma ampla rede por meio de 163 realizações, abrangendo espetáculos,
performances, exposições, shows musicais, concertos, exibições de filmes,
intervenções urbanas, instalações, contações de histórias, oficinas, roda de
diálogos, workshops e palestras, atendendo a dezesseis bairros da região
metropolitana de São Luís. Com esse investimento, alcançamos um público
estimado em oitenta mil pessoas, por meio da apresentação de setenta grupos
artísticos, abarcando trezentos artistas, obtendo um total de 120 mil
atendimentos, impactando decisivamente a cadeia
produtiva das artes.
Ao longo de dez anos a Aldeia Sesc
Guajajara de Artes se firmou no calendário cultural maranhense, oferecendo
vivências plurais aos mais variados públicos e garantindo acesso à produções contemporâneas locais e
nacionais, ampliando decisivamente o repertório estético do público. A dinâmica
do projeto envolve o contato com bens culturais através da fruição estética e
troca como fator determinante para a construção da cultura. Entende-se que o
espaço gerado pela Aldeia é um lugar de acontecimentos estéticos, quer sejam
eles contemporâneos, tradicionais ou mesmo híbridos, característicos da
produção local. Como resultado, nota-se a sistematização de programações culturais a
partir de múltiplas iniciativas, partindo de instituições públicas e privadas,
coletivos independentes produzindo em redes, artistas, produtores e gestores
culturais realizando projetos de continuidade na cidade. Vale destacar que o
investimento feito pelo Programa Cultura é concreto não apenas em relação à
oferta de programações, pois envolve diretamente a profissionalização dos
grupos, que se aprimoram para integrar o Festival a cada ano, com novas
proposições, além de amadurecer trabalhos já realizados.
Assim, pode ser registrado o
surgimento e o registro juridico de novos grupos artísticos, fidelização e
alcance de diversos públicos e a aprovação de grupos em importantes editais
nacionais, a citar a Pequena Companhia de Teatro, grupo Xama Teatro, Cia. Santa
Ignorância de Artes, Grupo Afrôs, selecionados para circulação através de
projetos como o Palco Giratório e Amazônia das Artes. O quadro atual possui
forte relação com o que Aldeia representa no contexto maranhense: um lugar de
encontro, experimentação, fomento e vitrine da produção artística.
Com isso ressaltamos que a Aldeia
Sesc Guajajara da Artes apresenta-se como fator de transformação do cenário
local, transcendendo seu desenho inicial e assumindo desafios ao mediar e
incentivar às relações de consumo da Arte. O amadurecimento conceitual da
Aldeia é um reflexo de esforços individuais e coletivos, em que pesam as
contribuições de servidores do Sesc e diversos outros profissionais ao longo de
seus dez anos, os quais não mediram esforços para realizar este projeto de
continuiade. A ênfase na sistematização de ações e diversidade de propostas, e
o diálogo permanente entre público e produção, fazem com que a Aldeia Guajajara
permaneça fiel ao seu objetivo de movimentar a cena local, seguindo sempre em
constante reinvenção.
Isoneth Lopes Almeida, Maria Carolina Aragão e Raimundo Araújo