Na segunda (28), a 8ª Aldeia Sesc
Guajajara de Artes contou com cordel, artes cênicas, filmes e espetáculos de
dança.
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Era a apresentação da Trupe BemDito Coletivo que tem como proposta levar as tradições populares do sertão brasileiro para a rua, praças, escolas ou salas de teatro. O espetáculo “A Chegada de Lampião ao Inferno” chamou a atenção de Carlos Silva, 16 anos. “Eu estava de passagem e resolvi parar porque gosto de cordel, meu avô gostava de contar histórias pra gente dessa maneira, com versos”, disse.
Os versos continuam. Lampião é rejeitado por São Pedro e vai
parar na porta do inferno. “O inferno nesse dia / faltou pouco para virar /
incensiou-se o mercado / morreu tanto cão queimado / que faz até pena contar”,
declamam os atores.
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Leituras em Cena
Como parte do Projeto Dramaturgia, idealizado pelo Departamento
Nacional do Sesc, quatro grupos de teatro fizeram a leitura dramática de três
autores contemporâneos, os maranhense Zen Salles e Aci Campelo e o amazonense
Francisco Carlos.
No projeto, não há uma montagem ou atuação completa da obra. Os
atores sobem ao palco e leem o texto. O que se ressalta na leitura são as
potencialidades cênicas que a narrativa dramatúrgica tem. E cada espectador vai
se sentido como co-diretor, simulando imagens de como o texto poderia ser
encenado.
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Em “Pororoca”, de Zen Salles, histórias fantásticas em torno do
Rio Mearim falavam sobre personagens e ribeirinhos que vivem suas vidas em
torno das lendas criadas pelo fenômeno raro da invasão das águas do mar sobre o
rio. O texto descreve crendices, hábitos e pessoas que são atraídas pelo
fenômeno como Siba, o pescador de surubim que vê a visagem da mulher do rio, a
velha Jacy, uma índia que perdeu a sombra, o surfista, que busca as ondas e
deixa grávidas meninas da região.
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Além de “Pororoca”, receberam leituras dramatizadas os textos
“Os Salvados”, de Aci Campelo, com direção de Ivaldo Cantanhede; “Banquete
Tupinambá”, de Francisco Carlos, com direção de Luiz Pazzini; e “Agridoce”, de
Zen Salles, com direção de Luis Pazzini e Cássia Pires, respectivamente.
Cinema
“Medianeiras”, filme argentino do diretor Gustavo Taretto, abriu
a programação da Mostra CineMundi, dentro da Aldeia Sesc, no Cine Praia Grande,
às 18h.
O filme inicia descrevendo imagens e prédios, janelas, os
diferentes estilos arquitetônicos, o crescimento desordenado de edifícios e a
solidão dos moradores isolados em apartamentos. O isolamento gera transtornos,
como o do personagem Martin, que sofre síndrome de pânico, e Mariana, que se
torna claustrofóbica. Os dois conduzem a narrativa e os espectadores vão
acompanhando a rotina deles, moradores do mesmo edifício, mas que não se
conhecem.
Buenos Aires pode ser considerada a terceira protagonista do
filme na relação do modo de vida de cada pessoa com a arquitetura e estrutura
caótica de uma grande cidade. O isolamento, os desencontros, a falta de afeto e
vínculo amoroso estão nas grandes capitais cosmopolitas como características
dos nossos tempos.
Na sequência, 20h, foi exibido o filme “Pina”, documentário
dirigido por Wim Wenders que homenageia a bailarina Pina Bausch. Filmado em 3D,
a película faz o expectador ter a sensação de estar em uma sala de teatro ou de
dança, perto dos atores e bailarinos.
Além da bailarina, a arte da dança é a grande história
apresentada no filme. Coreografias que comunicam experiências subjetivas, a
sensação de liberdade, repetição, inquietações e angústias do homem moderno. Os
bailarinos viram atores em imagens de gratidão, perda e no reconhecimento da
experiência de aprendizagem com Pina.
O filme consegue explorar ao máximo a linguagem da dança como
expressão não verbal, mas pela via das emoções e movimentos. Na história da
arte contemporânea, Pina deixou sua marca artística, estética e filosófica,
rompendo com as formas tradicionais da dança-teatro, com coreografias baseadas
nas experiências de vida dos seus bailarinos.
Até a sexta-feira (1º), serão exibidos filmes de nacionalidades
diferentes que trazem olhares contemporâneos sobre o amor e o fazer
cinematográfico ao redor do mundo. O filme maranhense “Luíses – Solrealismo
maranhense” encerra a mostra.
O corpo como obra de arte
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No primeiro momento, ao som de uma sinfonia, os bailarinos vão
executando movimentos que crescem junto com o andamento da música. Corpos que
exibem músculos e delicadezas como se estivessem no Olimpo grego. Coreografias
sincronizadas que depois se dispersam em solos improvisados de cada bailarino.
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Segundo momento. Ouve-se a voz do ator Auro Juriciê narrando um
texto poético. “O vazio não está vazio. Não somos livres. Somos cárceres do
desejo. Prisioneiros de si mesmo. O homem está condenado a viver em cárcere”.
Aos poucos os bailarinos iniciam movimentos inquietos, com corpos que se
esbarram, outros que tentam se tocar, alguns que rastreiam com os pés o melhor
terreno, com desconfiança, outros que, por fim, se libertam ao prazer do desejo
e a intensidade do afeto.
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Quarto momento. Som de máquina de datilografia. Três casais no
palco. Os movimentos descrevem a escrita de três relações com coreografias que
expressam a atração intensa e repulsão, os desejos humanos. Ouve-se ao piano
“Clair de Lune”, de Debussy. Os movimentos vão diminuindo. Sensações como solidão,
separação, submissão, apego e vontade do outro. A tentativa da reconciliação. A
passionalidade dos afetos.
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8ª Aldeia Sesc
A 8ª Aldeia Guajajara de Artes segue até o dia 1º de novembro,
em São Luís. Nas cidades de Itapecuru e Caxias, a programação acontece de 03 a
09 de novembro, com oficinas, espetáculos teatrais e shows. A mostra é
gratuita, mas o público pode colaborar com o Programa Mesa Brasil do Sesc, que
complementa milhares de refeições de crianças e adolescentes de São Luís e
Caxias, doando 1 kg de alimento não-perecível nas bilheterias dos teatros.
O objetivo do evento é difundir a cultura brasileira e o talento
da produção local nas mais diversas linguagens, trazendo espetáculos de
circulação nacional e promover a formação de plateia. Este ano o evento passou
a se chamar Aldeia, que são as mostras de arte e cultura organizadas pelos
Departamentos Regionais do Sesc visando fortalecer os laços comunitários de
artistas, espectadores e produtores, buscando inovar e diversificar o circuito
cultural brasileiro.
Programação completa e mais informações
(98) 3216 3800 / (98) 3216 3886 / (98)88711079