Na quinta (31), a
Cia. Direto da Fonte apresentou o espetáculo “Poemas para Che”. Na Praça Nauro
Machado, a noite foi das rimas e poesias do rap e hip hop.
Já
escreveu o poeta Ferreira Gullar que a poesia nasce do espanto, de alguma coisa
que surpreenda e ainda não tenha descoberto na vida. Na 8ª Aldeia Sesc
Guajajara de Artes, ela se manifestou em outras linguagens, pelas via das artes
cênicas e das rimas do rap e do hip hop, na noite de quinta (31).
A
relação entre luta e poesia foi o tema da peça “Poemas para Che”, apresentado
no palco do Teatro João do Vale, às 18h30, pela Cia. Direto da Fonte, inspirado
no caderno de anotações do guerrilheiro.
Quem
começa a história é o personagem Dom Pedro Casaldáliga (bispo católico defensor
da causa indígena no Brasil), interpretado pelo ator Domingos Tourinho, que vai
contando a história de luta e poesia do líder da revolução cubana. O roteiro da
peça é baseado nas informações encontradas no diário. Na montagem do diretor
Charles Melo, as cenas não seguem fielmente as anotações do livro. Novas
situações são criadas, com recriação de cenas de guerrilhas e de pessoas que
ele encontrava no meio de sua trajetória obstinada.
Os
textos do Caderno Verde de Che foram escritos entre novembro de 1966 e outubro
de 1967. O espetáculo intercala os poemas preferidos do guerrilheiro, de
autores como Pablo Neruda, Nicolás Guillén, César Vallejo e León Felipe, além
de outros autores escolhidos pelo diretor, como Ferreira Gullar e Dom Pedro
Casaldáliga. A peça consegue vincular a poesia com a luta armada, a luta de
frente de homem com seus ideais e que não perdia a ternura, jamais.
Dona Derrisão
No
palco do Teatro Alcione Nazareth, às 19h, a Petit Mort Teatro apresentou seu
mais recente espetáculo, “Dona Derrisão”, inspirado em pessoas idosas, vítimas
do Mal de Azheimer.
Músicas
de Roberto Carlos e outras canções do tempo da Jovem Guarda vão conduzindo o
espectador para a ambiência sonora de outras juventudes, de memórias que o rádio
costuma alcançar. Em cena, Osvaldo, um velho que vai retomando e confundindo
suas lembranças. Passado e presente se misturam em personagens que vão
dialogando com ele.
A
decadência é representada pelo artista que virou mendigo, Julio de Julio. A
falta de memória de Osvaldo em relação ao artista evidencia o sentido de valor
que tem a identidade dos sujeitos com suas autobiografias. Nas suas confusões
de lembranças, o velho conversa com sua própria juventude. Suas ações são
vistas pelos outros como um comportamento inadequado e irregular. A morte está
sempre presente, à espreita, seja no próprio cenário (um ponto de ônibus com
teto que lembram duas asas), seja em personagens em situações de coma ou
quase-morte que conversam com Osvaldo.
A
história ganha sentido quando se ouve ao fundo o depoimento real de pessoas que
tiveram que lidar com vítimas de Alzheimer, suas reações, o comportamento e a
confusão mental. O espetáculo chega ao lirismo de perceber a vida como um sopro
leve de ventilador. Na canção do ator Nuno Lilah Lisboa, composta para o
espetáculo, o espectador também busca em suas memórias radiofônicas as
lembranças do tempo que se perdeu.
Cinema
Na
Mostra CineMundi, dentro da programação da Aldeia Sesc, no Cine Praia Grande, foram
exibidos os filmes canadenses O Vendedor (2011), às 18h, e Incêndios (2010), às
20h.
Hoje,
às 18h, a mostra termina com a exibição do filme “Luíses – Solrealismo
maranhense”, às 18h, uma produção local baseada na lenda da serpente e no
cotidiano dos maranhenses.
Poesia pela mudança
social em rap e hip hop
Às
20h, na Praça Nauro Machado, o DJ Alladin já executava sua discotecagem fazendo
misturas de estilos e beats diversos.
Na
sequência, o Plano Somma ganhou o palco, com muita atitude e vontade de som.
Nas letras e rimas, espaços da cidade, situações e gírias de rua em refrãos
rápidos e diretos, como “eu sou cabôco, eu sou; eu sou da mata, eu sou da mata”
(caboco), que dialogam com as matrizes da cultura brasileira dos sambas de
terreiro.
O
Plano Somma é formado por DJ Juarez e os MC’s Felipeza e Maciel.
Em
seguida foi a vez de Costelo e a banda T. A. Calibre 1 tocarem o repertório do
celebrado disco “Balaio”, reconhecido por críticos como o melhor da cena
maranhense a misturar hip hop com ritmos regionais. Na formação para o show, o
grupo contou com o auxílio dos músicos Beto Pio (saxofone) e Hugo (baixo) e das
cantoras Cris Campos e Fernanda nos vocais.
Eles
contagiaram o público com sucessos como “lata d’água”, “a voz do morro”,
“groove balaio”, “berô a beira mar”, “beats pesados” e “soldados da repressão”.
A formação organizada para o show Groove Balaio mostrou que Costelo e sua turma
continuam com bala na agulha das rimas e poesias, com ouvidos atentos à
realidade social e mais musicais como sempre.
8ª
Aldeia Sesc
A 8ª Aldeia Guajajara de Artes segue até hoje, 1º de
novembro, em São Luís. Nas cidades de Itapecuru e Caxias, a programação
acontece de 03 a 09 de novembro, com oficinas, espetáculos teatrais e shows. A
mostra é gratuita, mas o público pode colaborar com o Programa Mesa Brasil do
Sesc, que complementa milhares de refeições de crianças e adolescentes de São
Luís e Caxias, doando 1 kg de alimento não-perecível nas bilheterias dos
teatros.
O objetivo do evento é difundir a cultura brasileira e o
talento da produção local nas mais diversas linguagens, trazendo espetáculos de
circulação nacional e promover a formação de plateia. Este ano o evento passou
a se chamar Aldeia, que são as mostras de arte e cultura organizadas pelos
Departamentos Regionais do Sesc visando fortalecer os laços comunitários de
artistas, espectadores e produtores, buscando inovar e diversificar o circuito
cultural brasileiro.
Programação
completa e mais informações
Email: aldeiasescguajajaradeartes@gmail.com
(98) 3216 3800 / (98) 3216 3886 / (98)88711079