Over12h começa ao meio dia com o som do Grupo Bossa Nossa, na
unidade Sesc Deodoro e vai até meia noite finalizando com Karina Bhur, na Praça
Nauro Machado
TEXTO: GERALDO IENSEN / EDIÇÃO: LIDENEY RIBEIRO
Após
uma semana ocupando as cidades de São Luís e Raposa com um intercâmbio de
diversas linguagens artísticas, a 10ª Aldeia Sesc Guajajara de Artes realizada
pelo Sesc no Maranhão chega ao seu último dia e para encerrar promove uma
programação com 12 horas de apresentações artísticas sem parar, começando ao
meio dia com o som do Grupo Bossa Nossa, na unidade Sesc Deodoro e vai até meia
noite finalizando com Karina Bhur, na Praça Nauro Machado.
A
programação da noite inicia às 19 horas, com o Video Mapping “Amazônia
Mapping”, da artista visual Roberta Carvalho. O cenário escolhido foi o prédio
da Defensoria Pública ao lado da Praça Nauro Machado. O videomapping, considerado uma das
técnicas visuais mais inovadoras da atualidade, é a projeção audiovisual em
comumente aplicadas a estruturas, como edifícios e monumentos, em que as
imagens “se dobram” com a arquitetura onde são exibidas.
Roberta Carvalho é artista
visual, designer e produtora cultural. Estudou artes visuais na Universidade
Federal do Pará. Vive em Belém, cidade onde nasceu. Desenvolve trabalhos na
área de imagem, intervenção urbana e vídeo arte.
Festivais de mapping têm sido realizados nos mais variados
locais do mundo, como Londres, Genebra e Budapeste. No Brasil, os eventos
ocorrerem no sudeste do país e chegaram recentemente à região Norte e Nordeste.
Simultanemanete, o Circo Tá na Rua realiza a intervenção
de manipuladores de fogo, chamada “Fogo Prometeu”, com a inclusão de todas as
técnicas circenses que usam manipulação de fogo em um número que tem como
proposta remeter à antiga relação do homem com o fogo, desde o mito à história.
No palco
montado na Praça Nauro Machado, o primeiro a embalar o público é o DJ Jorge
Choairy. Em seguida, às 20 horas, acontece o Show “JazzEncontros”.
Neste show, o grupo apresenta ao público o jazz cantado, bem como releituras de
músicas brasileiras e blues com versões autorais. O grupo é formado pelo
guitarrista Marcones Pinto, o cantor James Pierre, o baterista Francélio
Cantanhede, a pianista Thais Sena e o baixista Paulo Pontes, sendo apontada
pelos críticos da área como grande revelação no cenário
musical maranhense.
Antes
da Karina Buhr, a banda maranhense Casa Loca promete animar o público da Praça
Nauro Machado. Uma das bandas mais criativas de São Luís, saída do Cohatrac,
bairro que tem sido berço e palco de muita produção cultural. Além da Casa Loca
o bairro criou o Sebo no Chão, também incluído na 10ª Aldeia Sesc Guajajara de
Artes.
Poderíamos
contar a história da banda Casa Loca por aquela música de Vinícius e Moraes:
“era uma casa muito engraçada/ não tinha teto não tinha nada”, mas a verdade é que a casa loca é mais do que a
casa engraçada de Vinícius.
A banda Casa Loca surgiu por conta da “Casa Loca”, que era uma
casa normal e comum do Cohatrac, porém deixou de ser comum quando virou ponto
de encontro de vários artistas de São Luís, um povo criativo, ou como eles
gostam de dizer “muito loucos”, que trazia diferentes gêneros musicais, que
foram se misturando por lá. E foi em um desses encontros que surgiu a banda,
dando voz a um dos endereços mais conhecidos do Cohatrac.
Formada por Adnon (guitarra e voz), F.Spotti (voz),
Luciano (batera), Rafael (baixo), DJ Alladin (pick-ups) e Dark (percussão), a
banda tem um elo com o hip hop e o andamento de ritm ‘nd poetry. Mas a banda
faz uma bela mistura. Na faixa “Proibido para maiores”, um toque de reggae; em
“Diabédiôba”, uma pinçada de maracatu. Além disso, faixa “AM PM”, é muito rica
com seu arranjo amplo, com metais e vocais. A banda lançou seu primeiro disco
“Um de Onze”, no final do ano passado.
Encerrando
o OVER12 e a 10ª Aldeia Sesc Guajajara de Artes, a Praça Nauro Machado vai
lotar para receber o show Selvática, com cantora, atriz e poeta Karina Buhr.
“Selvática”
é o terceiro disco autoral de Karina Buhr, um trabalho guiado pela temática
feminista e tem causado polêmicas desde o lançamento. A capa do álbum mostra a
artista com seios descobertos, o que foi suficiente para contrariar a política
do facebook contra a nudez e ter a exibição proibida
nesta rede social. Mas a afirmação da liberdade feminina é o tema forte
deste trabalho e tem cumprido a tarefa de levantar discussões, inclusive muita
gente se fotografou na mesma condição de Karina em protesto pela proibição.
O disco tem
personalidade forte também na levada, que vai do heavy metal ao o punk rock:
Pic Nic, Esôfago e Cerca de Prédio. Essa última sobre a ocupação que destrói
nossas cidades em nome do capital e do consumo.
No
palco, Karina é acompanhada por MAU (baixo), Bruno Buarque (bateria), André
Lima (teclados), Fernando Catatau (guitarra), Edgard Scandurra (guitarra) e
Guizado (trompete).
SOBRE A ALDEIA
A Aldeia Sesc Guajajara de Artes é um projeto de continuidade no país. Integrante da Rede Sesc de Intercâmbio e Difusão das Artes Cênicas, o projeto caracteriza-se pela potência do confronto com o outro e o novo nas linguagens música, teatro, dança, literatura, artes visuais, cinema e circo. Essa reunião de elementos e características exprime o espírito que norteia o evento, marcado tanto pela expressividade da cultura popular, afro-brasileira e indígena, quanto pela arte contemporânea. Apresentando-se em formato de “Aldeia Cultural”, concentra uma programação artística-cultural para públicos variados. Em sua 10ª edição, promovida no período de 25 de novembro a 03 de dezembro nos municípios de São Luís e Raposa, a Aldeia Sesc Guajajara de Artes evidencia sua vocação multiculturalista através de uma ampla e rica programação fortemente marcada pelo diálogo com os coletivos e redes culturais.