Explorando novos ambientes, a 10ª Aldeia Sesc Guajajara de Artes encontrou na Rua Cândido Mendes o local ideal para a realização do Cine Ocupação
TEXTO: GERALDO IENSEN / LIDENEY RIBEIRO
Pela
programação de teatro desta terça-feira (1º) da 10ª Aldeia Sesc Guajajara de
Artes, o ator Urias de Oliveira traz mais uma vez à cena o espetáculo “A
escrita do Deus”, baseado em texto do escritor argentino Jorge Luís Borges, a
peça mostra detalhes da colonização da América por meio das angústias do
personagem Tzinacan, o último Sacerdote do Reino de Montezuma. Tzinacam é
torturado e mantido preso por 20 anos. Sua única companhia é um tigre, que vive
na cela ao lado. Em outro ponto da
cidade, no complexo arquitetônico da antiga Fábrica Santa Eulália, artistas com
seus projetores e muita música integrou o Cine Ocupação.
O
espetáculo apresentado na sede da Pequena Companhia de Teatro retratou o drama
do sacerdote que dedica seu tempo a decifrar nos
desenhos da pele do tigre, o que ele julga ser a mensagem do conhecimento
supremo, deixada ali para ser decifrada e divulgada por um ser iluminado.
Tzinacam, de fato, decifra a “Escrita do Deus”, mas abre mão de usá-la por
chegar à conclusão de que o homem ainda não está preparado pra recebê-la.
Atualmente produzido pela Cia. Tapete, Criações Cênicas, “A
Escrita do Deus” foi apresentado, pela primeira vez, em 1998, no teatro Arthur
Azevedo. Nesses 17 anos, o Espetáculo tem obtido boa repercussão junto ao
público, devido a sua temática suscitar discussões e debates sobre a existência
humana e sua relação com o sagrado, além da pesquisa e das técnicas utilizadas
pelo ator na construção de sua personagem.
A experiência do tempo levou ator e espetáculo a transformações,
por exemplo, o cenário e a música já mudaram. Urias de Oliveira, que também
assina a direção do espetáculo, conta que o ator reconhece a escrita do seu
Deus, e interfere no espetáculo, que cresceu também no tempo, e segundo ele, a
história é contada por um ator mais ciente, que se aproxima cada vez mais de
Tznacan, sem perder a visão do limite entre ator e personagem.
“A Escrita do Deus” tem assistência de encenação de Claudiana
Cotrin, iluminação de Rosa Ewerton, figurino de Claudio Costa e música de
Francisco Jara.
Explorando novos ambientes, a 10ª Aldeia Sesc Guajajara de Artes
encontrou na Rua Cândido Mendes o local ideal para a realização do Cine
Ocupação. A proposta do Sesc foi a realização simultânea de exibição de
videoartes, discotecagem e o lançamento do documentário “Nas Margens do Riso:
Quilombos de Alegria e Luta”, de Pedro Krum.
“A escolha do local foi resultado de uma pesquisa, a primeira
opção foi a Fonte das Pedras, depois do Ribeirão, foi então que surgiu essa
opção que se encaixou perfeitamente com a proposta devido à iluminação, a arquitetura,
além de atender a proposta do Projeto de ocupação dos espaços públicos”,
esclareceu Dinho Araújo, coordenador do Projeto.
No roteiro, discotecagem com DJ Kid, de São Paulo, deu início à
programação, enquanto eram exibidos os vídeos: “Banho de Mar Banho de Sal
Grosso”, de Jane Maciel; “Bloco 6 – Subtérreo”, de Eliaquim Maia e “Massa
Estanque”, de Ramusyo Brasil”. Além dos três vídeos credenciados outros
colaboradores participaram da programação.
O ápice da programação foi o lançamento do documentário “Nas Margens
do Riso: Quilombos de Alegria e Luta”, dirigido e editado por Pedro Krum, um registro
da experiência vivida pelo Teatro VagaMundo durante a circulação por nove
comunidades quilombolas do Rio Grande do Sul, entre setembro e novembro de
2014. A chegada do grupo nos antigos povoados e as apresentações do palhaço
Rabito são entrecortadas pelos depoimentos dos quilombolas sobre o cotidiano e
a organização de cada comunidade. O resultado é um documentário com os relatos
de nativos e passageiros sobre a vida nos quilombos com uma pitada de riso
promovido pelo palhaço.