O sábado
da 9ª. Aldeia Sesc Guajajara de Artes foi dedicado às crianças.
TEXTO: STEPHANY PINHO
FOTOS: MARCOS GATINHO
A
programação da 9ª edição da Mostra Aldeia Sesc Guajajara de
Artes levou ao município de Raposa uma programação repleta de cor e animação
para as crianças de uma das cidades da região metropolitana de São Luís.
As crianças visitaram o mundo imaginário de Juju Carrapeta |
Ontem (25),
a programação teve início com a apresentação do espetáculo teatral “Juju
Carrapeta” do grupo maranhense Teatrodança. A história, que tem como
personagens a Serpente (interpretada por Victor Vieira), Don’Ana Jansen (Eline
Cunha) e Juju Carrapeta (Julia Emilia) explora de forma lúdica a História e os
mitos da Ilha de São Luís.
Explorando
o imaginário infantil, os personagens são apresentados de maneira a
desconstruir as dicotomias simplistas que são estabelecidas entre o bem e o mal.
É o que explica Julia Emilia, diretora do grupo Teatro Dança: “A serpente, que
todo mundo acha que é uma coisa do mal, na verdade, se você for ver a filosofia
chinesa, ela possui vários locais onde existe um ‘dragão protetor’. Essa Ilha
aqui tem o formato da cabeça desse dragão. E nós somos uma ilha vulcânica
também, separada por duas pontas muito frágeis. Então, quando esse vulcão tiver
qualquer tremor, essas pontas se juntam. Isso é a Serpente: nós somos seguros
por alguma força”.
Ela
continua: “Assim também é Don’Ana, uma figura que todo mundo acha que só fez o
mal, mas ela foi uma mulher que no século XIX abriu muito caminho pra nós
mulheres: foi independente, amava quem queria, que fazia de seu corpo o que desejava,
então é bom que as crianças vejam os dois lados das coisas e não vejam o lado
que a mídia ensina: quem é bruxa é má, quem é serpente não presta, quem é velho
... a velha Juju é uma idosa, e nós estamos vendo que os idosos estão sendo
deixados de lado, toda essa nossa ancestralidade”.
Julia
conta que o grupo busca trabalhar com recriações das expressões populares do
Maranhão, trazendo-as para a cena uma fusão de linguagens artísticas como
drama, dança e música. O grupo apresenta sempre trabalhos autorais: “O Mundo
Imaginário de Juju Carrapeta” veio do livro e do espetáculo “O Baile das
Lavandeiras” – do quais Julia Emilia é autora. “Além desses nós tivemos “O Cerro
do Jarau” e o “Bicho Solto Buriti Bravo”, todos eles são para crianças, nós gostamos
muito de trabalhar com dramaturgia para crianças”, revela.
Em
vários momentos do espetáculo, os personagens referem-se a problemas ambientais
da Ilha de São Luís, trazendo também princípios de educação patrimonial, tudo
isso de forma lúdica, com vistas a auxiliar no processo de aprendizado do
público infantil. Ao final da encenação, foram feitas algumas perguntas numa
breve gincana com o objetivo de perceber a recepção do público. Duas espectadoras
receberam como premiação um exemplar do livro “O Baile das Lavandeiras”, de
autoria de Julia Emilia.
Crianças na Piracema Criativa de Ghuga Távora |
Piracema – No intervalo,
as crianças puderam apreciar e interagir com a exposição fotográfica Piracema
Criativa e o projeto Floreando Palavras, do arte-educomunicador Ghustavo
Távora. Em seguida, a programação teve continuidade com a banda Vagalume, que
trouxe ao palco vários clássicos da música infanto-juvenil, desde canções do
lendário Balão Mágico até uma releitura da Galinha Pintadinha em tirmo de reggae.
Banda Vagalume levou diversidade às crianças de Raposa |
A apresentação
agitou meninos e meninas, que interagiram com a banda de forma muito carinhosa
e espontânea. Ao longo do show, a vocalista Fernanda Monteiro comentava sobre
os gêneros musicais presentes nos arranjos. Ela explica que a proposta do grupo,
surgido em 2012, era trazer um repertório infantil que não subestimasse,
resgatando algumas coisas de brincadeira de roda e musicas que as crianças
escutam e gostam, no sentido de fazer algo divertido, lúdico.
O grupo, que
também faz shows particulares, pretende trazer aos pequenos um processo de
musicalização, valorizando a facilidade do aprendizado próprio do público
infantil.