No sábado (26), a 8ª
Aldeia Sesc Guajajara de Artes exibiu o espetáculo Amor Confesso (Cia.
Falácia-RJ), peças infantis e show com bandas maranhenses de rock.
O
espaço do Teatro João do Vale, às 17h de sábado (26), escureceu, iluminando os pequenos
bonecos da Companhia Boca Rica, para contar a história de Lali e seu amor por
flores, pássaros e a natureza. Com muita delicadeza e simplicidade, a peça vai
envolvendo o espectador na observação da beleza das coisas frágeis, na relação
cordial entre a vizinhança e a harmonia que devemos procurar nas relações
humanas. Nada tão complicado de compreender. As crianças responderam rápido ao
sentido da história.
Lali
tem um jardim e a companhia do passarinho Alegria. Durante os dias, cuida da
casa e admira a beleza da natureza. Ela tem dois vizinhos, Zé da Cabra e o
jovem Tomé. Tudo vai bem até o dia em que a cabra come suas flores e plantas. Ela
reclama e diz que os bichos podem ser educados. O vizinho bravo machuca o
passarinho da menina. Triste, ela resolve plantar tudo de novo e cuidar do
passarinho. A flor nasce novamente, mas Tomé, jogando bola, machuca a flor.
Nova decepção e tristeza. Numa noite, cai a chuva e as flores renascem. A
menina fica maravilhada, perdoa Tomé e o passarinho se recupera. Uma história
simples que revela a metáfora da primavera e o sentimento de renovação da
natureza e do espírito humano.
No
palco do Teatro Alcione Nazareth, às 18h, foi a vez da dupla de palhaços Mucos
Meleca Eca e Lulu Piluleta divertir a criançada com o espetáculo “Ida ao Circo”.
A peça faz metalinguagem sobre a tentativa de um casal de palhaços em ir ao
circo. Com humor ingênuo, esquetes bem demarcadas e cenário minimalista, os
dois divertiram o público com situações cotidianas, sem fazer apelo a qualquer
referência comercial ou a paródia contemporânea, comprovando que a arte do riso
no teatro circense só precisa de talento e disposição.
Arthur Azevedo
revisitado
Histórias
de casamento e entre casais são antigas e sempre renovam o imaginário romântico
da Literatura, Cinema e outras Artes. A Cia. Falácia, do Rio de Janeiro,
aproveitou o mote para montar a comédia musical “Amor Confesso”, com textos do
dramaturgo maranhense Arthur Azevedo adaptados.
O
público foi recebido às 19h por um repertório de canções populares que fizeram
a trilha sonora de muitos casamentos (a maioria, por coincidência, também
trilhas românticas de novelas), executado ao vivo pelo pianista Roberto Bahal, que
a todo instante interagia com o casal de atores Cláudia Ventura e Alexandre
Dantas. No cenário, um fraque e um vestido de noiva pendurados em cada canto do
teto e apenas duas cadeiras.
A narrativa já começa com a intervenção da plateia. Os atores jogam perguntas sobre quem é casado, quem quer
casar e quem já separou. As pessoas vão
compartilhando suas experiências pessoais e o espetáculo ganha a coletividade,
com risos garantidos. Para cada conto encenado, uma canção complementa a cena e
vai costurando as diferentes histórias. Músicas como “Errei Sim” (Ataulfo
Alves), “A Nível de” (João Bosco), “Vai vadiar” (Zeca Pagodinho), entre outras.
As cadeiras do cenário se transformam em palco, bolsa, bonde e todos outros
elementos que a estória precisa para ser contada. A paisagem do Rio de Janeiro
também aparece constantemente, com a descrição de ruas e logradouros da antiga
Capital Federal. E as histórias de fofocas, encontros, desencontros, traição,
ciúme, paixões e amores entre casais vão se revelando atemporais.
Mais do que a espera por um final feliz com o tão esperado “sim” no altar, a peça mostra que o exercício do encontro entre duas pessoas, com suas aventuras e desventuras, é o que vale a pena nas relações amorosas.
Noite de rock autoral
Duas
bandas maranhenses de rock atraíram um público jovem para a Praça Nauro
Machado. Nas estampas das camisetas de alguns, as referências musicais de nomes
do rock internacional e o jeito despojado de pertencimento a tribos urbanas. Todos
se reconheciam numa identidade comum ao gênero musical.
O
som da noite começou com discotecagem da DJ Aritanna Varney. Aritanna é
tatuadora e há 5 anos faz discotecagem. Ela já foi backing vocal da banda Fúria
Louca e preparou uma sequência de clássicos do gênero, combinando os estilos
dos grupos convidados. Suas referências musicais não estavam somente no som das
pick-ups, o próprio corpo tatuado fazia parte da estética de sua performance que
ela definiu como um “estilo de vida”. No repertório de ‘rockabillys’, músicas
de AC/DC, Black Sabbath, Chuck Berry, Necromantics, Warrant, Metallica, entre
outros.
A
primeira banda a se apresentar foi a Boys Bad News. De figurino branco e óculo
de sol no rosto, o trio formado pelos músicos Domingos Thiago (guitarra e voz),
Emanuel Maia (baixo) e Sandoval Filho (bateria) apresentou um repertório de
canções em inglês inspiradas em bandas dos anos 90, época da adolescência dos
integrantes, com uma pegada que revitaliza o chamado rock de garagem. Eles encerram
a apresentação com a música “Hate Me and Love”, cujo clipe foi lançado
oficialmente no site http://www.boysbadnews.com.br/ .
Depois,
foi a vez da Banda Fúria Louca se apresentar. De calças pretas de couro,
cabelos compridos, acessórios e tatuagens fizeram a composição ideal para o
contraste com a banda anterior, mostrando que o rock tem espaço amplo para
diferentes sonoridades e comportamento. Enquanto a Boys Bad News se comunicava mais
“comportada” aos excessos da performance do gênero, a Fúria Louca apostou no
contrário, experimentando o rock mais caricatural, com gestos de comando,
cabelos que se movimentavam ritmados e a imagem de um palhaço fantasmagórico ao
fundo do palco como ícone da novo disco do grupo.
No
repertório, canções como On The Croup Of The Sinner, Smiling Cat, The Criminal
Novel, Wild Horse Sitting Bull, Rock Fever e Fúria Louca fizeram empolgar e
exaltar várias tribos de roqueiros, de skatistas aos jovens de rua. Um dos
vídeos da banda mais compartilhado na internet é uma música em homenagem ao
bairro do Cohatrac, em São Luís, disponível no Canal Youtube do grupo, http://www.youtube.com/user/ furialouca.
8ª Aldeia Sesc
A
8ª Aldeia Guajajara de Artes segue até o dia 1º de novembro, em São Luís. Nas
cidades de Itapecuru e Caxias, a programação acontece de 03 a 09 de novembro,
com oficinas, espetáculos teatrais e shows. A mostra é gratuita, mas o público
pode colaborar com o Programa Mesa Brasil do Sesc, que complementa milhares de
refeições de crianças e adolescentes de São Luís e Caxias, doando 1 kg de
alimento não-perecível nas bilheterias dos teatros.
O
objetivo do evento é difundir a cultura brasileira e o talento da produção
local nas mais diversas linguagens, trazendo espetáculos de circulação nacional
e promover a formação de plateia. Este ano o evento passou a se chamar Aldeia,
que são as mostras de arte e cultura organizadas pelos Departamentos Regionais
do Sesc visando fortalecer os laços comunitários de artistas, espectadores e
produtores, buscando inovar e diversificar o circuito cultural brasileiro.
Programação completa
e mais informações
(98)
3216 3800 / (98) 3216 3886 / (98)88711079
Texto: Alberto Junior
Fotos: Rosana Barros e Daniel Sena