30 de out. de 2014

Em concerto, João Pedro Borges apresenta resumo da história do violão brasileiro

TEXTO: ZEMA RIBEIRO
FOTOS: ROSANA BARROS




João Pedro Borges sempre ressalta que sua parceria com o Sesc já vem de longas datas. Lembra sua participação no Sonora Brasil, quando percorreu 80 municípios brasileiros ao lado do gaúcho Daniel Wolff, e, ano passado, sua participação na Aldeia Sesc Guajajara de Artes, quando apresentou uma versão enxuta de seu Recital de Música Brasileira, com a cantora Célia Maria.

Ontem (29), na programação da nona edição do evento, o músico encarou uma plateia de estudantes de nível médio, no auditório do Colégio Marcelino Champagnat, o antigo Marista do Centro. Entre alunos, professores e funcionários, mais de 100 pessoas assistiram ao concerto, em que passeou pela história do violão brasileiro.

“É impossível mostrar tudo, já que o tempo do concerto é curto, mas a gente dá uma pincelada em momentos importantes”, disse ao apresentar-se, antes de iniciar o espetáculo, que durou cerca de uma hora.

Trajetória – Um dos nomes mais importantes do instrumento no país, com reconhecimento internacional, João Pedro Borges participou de diversos momentos importantes da música brasileira, sobretudo o choro. No Rio de Janeiro foi aluno de Jodacil Damasceno e entre o fim da década de 1970 e 80 integrou a Camerata Carioca, liderada pelo maestro gaúcho Radamés Gnattali; fundou a Escola de Música do Estado do Maranhão Lilah Lisboa de Araújo, em 1974; em 1982 estava entre os artistas brasileiros que introduziram o choro nos Estados Unidos, ao lado de, entre outros, o também maranhense Turíbio Santos; em 1985 lançou um disco, hoje raro, dedicado a e intitulado A obra para violão de Paulinho da Viola, com participação do compositor, e de seu pai, o saudoso violonista Cesar Faria, do Conjunto Época de Ouro, de Jacob do Bandolim – todos, nomes lembrados por João Pedro Borges ao longo de sua apresentação.

Repertório – O professor de violão foi bastante didático e ao longo dos números que desfilava, contava um pouco da história das peças e de seus autores. Destacou, por exemplo, a genialidade de Heitor Villa-Lobos, a quem classificou de “o músico mais importante da história da música brasileira em todos os tempos”. Com ele abriu o primeiro bloco do concerto, tocando um estudo, um prelúdio e o Choro nº. 1, dedicado a Ernesto Nazaré.

Atenta, a plateia reagia, ao fim de cada música, com aplausos e gritos histéricos. João Pedro Borges passeou ainda por nomes como João Pernambuco (Interrogando), Ernesto Nazaré (Tenebroso), Paulinho da Viola (Valsa da vida e Itanhangá) e encerrou a apresentação com o Choro (Radamés Gnattali), da suíte Brasiliana (RG), dedicado a Turíbio Santos.

João Pedro Borges agradeceu a oportunidade proporcionada pelo Sesc e a recepção calorosa da plateia. “É muito importante promover momentos assim com o público dessa faixa etária, que é quando se está definindo os gostos”, afirmou.

Alunos e alunas – alguns estudantes de música – cercaram o violonista na saída, no pátio do colégio. Astro de sua magnitude, João Pedro Borges não escapou de ouvir elogios enquanto retribuía o carinho em cadernos escolares, em uma espontânea sessão de autógrafos.