27 de out. de 2012

Gêneros do rock dividem o palco na segunda noite da VII Mostra Guajajara de Artes


O rock deu o tom no segundo dia da programação musical da VII Mostra SESC Guajajara de Artes. Na Praça Nauro Machado, jovens vestidos de preto, com maquiagens carregadas e inspiradas em filmes de terror se juntaram ao habitual público que frequenta as noites de sexta no Centro Histórico para ouvir o som das bandas Megazines (MA) e Kaoll (SP).


(Banda Megazines | Fotos: Taciano Brito)

Entre eles, algumas figuras mais excêntricas, como um rapaz que resolveu fazer de uma caixa de papelão a sua máscara de expressão e o artista Mondego que, do alto da escadaria da praça, permanecia concentrado em sua liturgia espiritual particular sentado diante de um castiçal feito com uma garrafa de plástico com uma vela dentro.

Dentro do camarim, a expectativa também era grande entre as duas bandas. Para os integrantes da Megazines, a Mostra é uma vitrine importante para os artistas da cena local porque o evento já tem um público cativo e interessado nas diversas linguagens, além de proporcionar o contato com artistas convidados de outros estados.

Para os integrantes da Kaoll, que já estiveram em outros eventos culturais do SESC em outros estados, a expectativa era, sobretudo, em relação ao público nordestino que para eles é sempre muito caloroso. “Já fizemos alguns shows em outras cidades do Nordeste, mas vir a São Luís tinha um sabor especial. Pedimos pra vir um dia antes para poder aproveitar um pouco da cultura da cidade e conferimos os shows da noite de abertura da Mostra. Ficamos empolgados com a receptividade do público para com o artista”, disse Bruno Moscatiello, vocalista da banda.

Por volta das dez da noite, subiu ao palco a banda Megazines. Os riffs de guitarra e a bateria vibrante foram chamando o público pra perto do palco. A banda, que mistura subgêneros do rock com grunge, punk e até mesmo blues, foi provocando a reação intempestiva em parte do público mais jovem para a prática da conhecida roda punk, comum em shows do gênero.

No repertório do show, canções como Swallow, Leave me alone, Hole in the desert e Scarface, além de duas novas músicas Cash for life e Velttenz is play in my house que compõe o ultimo EP da banda fizeram todos vibrarem. Segundo Ronaldo Lisboa, vocalista da Megazines, eles preferem compor em inglês por conta da sonoridade da língua e porque acham mais simples o encaixe das letras nas melodias. Ele contou também que estão em processo de composição das músicas para o CD que pretendem lançar no próximo ano.

“Todo nosso processo de compor é coletivo, negociado em conjunto. Às vezes, eu dou a ideia da letra, o Emanuel sugere a melodia e os outros integrantes vão dando suas sugestões também. Talvez pelo fato das nossas influências musicais serem de bandas como Queens of the Stone Age, Muse e Stone Temple Pilots, seja mais fácil compor em inglês. Agora estamos em processo de fechar repertório para o novo CD”, justificou Ronaldo.

Psicodelia em som instrumental 


(Banda Kaoll | Fotos: Taciano Brito)

Aos poucos um novo público foi sendo aglutinado com a chegada de outra geração de roqueiros, fãs da banda Pink Floyd, que se juntaram aos já presente na Nauro Machado, e uma nova ambiência sonora foi se formando, quando os músicos da banda Kaoll começaram a sequência de canções da discografia da banda inglesa.

O grupo surpreendeu o público com o desafio de reinventar as canções de uma das bandas mais conhecidas do rock mundial. E a proposta de fazer um som instrumental, sem o vocal, possibilitou o jogo lúdico de fruir cada canção, exercitando os ouvidos mais atentos para quem conhece toda a discografia da banda. No palco, os músicos alternavam entre si a manutenção da linha melódica das músicas para que elas fossem ampliadas com novas sonoridades e ritmos. Jazz, bossa e muitos arranjos progressivos foram dando novos sentidos para as canções.

Alguns fãs da banda Pink Floyd se sentiram frustrados, esperando que o show fosse um cover do grupo inglês. Esta não foi a intenção da Kaoll, como explicou Bruno Moscatiello: “O show é um tributo, mas não quer dizer uma cópia fiel ao som dos discos, porque somos uma banda autoral, temos dois discos já gravados. As versões instrumentais também são nossa maneira de fazer as releituras das canções, com uma pitada de todas as influências sonoras que temos enquanto músicos”, explicou o vocalista.

O show acaba não se limitando apenas ao repertório da Pink Floyd. A Kaoll apresentou também algumas músicas do disco anterior Auto Hipnose (2010), que contou com a colaboração do lendário guitarrista tropicalista Lanny Gordin. Entre os arranjos, podia-se perceber também a influência de outras bandas brasileiras importantes do rock progressivo e psicodélico da década de 70, como a Som Imaginário, O Terço, Joelho de Porco, entre outras.

O ápice do show foi quando a banda entoou os primeiros acordes de Wish You Were Here e todos foram ao delírio, em coro, comprovando que a atemporalidade das canções da Pink Floyd e a força que elas têm na memória dos fãs e ouvintes da banda.

                                                    (Banda Kaoll | Fotos: Taciano Brito)

A VII Mostra Sesc Guajajara de Artes prossegue até o dia 1º de novembro, com vasta programação cultural em diversos pontos da cidade. Para mais informações, acesse o blog do evento www.mostrasescguajajaradeartes.blogspot.com.br