27 de out. de 2013

Teatro de objetos, Shakespeare e choro são destaques da Aldeia Sesc

Neste domingo (27), a Cia. Gente Falante (RS) apresentará espetáculo que transforma xícara em Cinderella. À noite haverá encontro musical de mestres do chorinho.

A 8ª Aldeia Sesc Guajajara de Artes continua neste domingo (27), com vários espetáculos de teatro, dança e música. Entre eles, destaque para a apresentação do grupo gaúcho, Companhia Gente Falante, com o espetáculo infantil: "Louça Cinderella", às 17h (com segunda apresentação, às 17h30), no Teatro Arthur Azevedo, e do encontro musical entre grandes nomes do choro e da música brasileira instrumental: o violonista João Pedro Borges e a cantora Célia Maria, a partir das 19h, na Praça Nauro Machado (Praia Grande).

“Louça Cinderella” é uma história inusitada com uso de objetos inanimados. O tradicional costume britânico do “Chá das Cinco” tornou-se o mote para falar da história de uma xícara que se transforma em Cinderella. A xícara não é nobre. Feita de louça comum e sem valor histórico, ela traz em seu conteúdo chás aromáticos e curativos para aquecer os corpos esfriados pelo inverno.


O que parece uma narrativa filosófica e social, que leva o público a refletir sobre os valores humanos em relação aos valores materiais, nada mais é que uma adaptação do conto “A Gata Borralheira”, dos Irmãos Grimm. A Companhia já desenvolve pesquisa de formas animadas de fazer teatro há 22 anos e, com esta montagem, conquistou vários prêmios em festivais brasileiros de teatro. Como parte da programação da 8ª Aldeia, o grupo vai oferecer no sábado (26) uma oficina de Teatro de Objetos direcionada a profissionais e estudantes de Artes.

No Teatro João do Vale, às 18h, a atriz circense Sandra Cordeiro sobe ao palco para transformá-lo num circo lúdico, cheio de bonecos, malabares, mágica, bichos e brinquedos. O espetáculo “Circo Pequenino” é a divertida história de uma menina que realiza o sonho de construir seu próprio circo. Para isso, ela mesma se descobre como a palhaça que faltava na cena.


Duas vezes Shakespeare

As obras do dramaturgo inglês William Shakespeare serviram de inspiração para dois espetáculos, presentes na programação da Aldeia: “Mulheres de Shakespeare”, do Núcleo Atmosfera, e “Hamletrash”, do Grupo Teatral Improviso.

O primeiro é um espetáculo de dança preparado ao longo de 7 anos de experimentações. Na cena, oito atrizes-bailarinas contam, por meio da linguagem híbrida de dança com teatro, reflexões sobre o destino trágico de três personagens femininas de Shakespeare: Ofélia (Hamlet), Lady Macbeth (Macbeth) e Desdêmona (Othello). Cada atriz desenvolveu um processo pessoal de compreensão dos dramas de cada personagem e os atualizaram com suas experiências de vida. Com direção de Leônidas Portella, “Mulheres de Shakespeare” será apresentado às 19h, no Teatro Arthur Azevedo.


O segundo espetáculo é uma releitura dinâmica, crítica e contemporânea da peça “Hamlet”, com a proposta de crítica social em relação a temas atuais, com a alienação midiática e comportamentos morais. Na adaptação de César Almeida, Hamlet passa por vários momentos presentes na própria narrativa escrita por Shakespeare que dialogam com fatos e situações contemporâneas e explorando diversas variações cênicas, da comédia à crítica, da piada escatológica ao pensamento crítico, da sensualidade à filosofia. O mais conhecido aforismo da literatura e filosofia, “ser ou não, eis a questão”, será questionado às 20h, no Teatro Alcione Nazareth.


Recital de canções e chorinhos

O palco da Praça Nauro Machado (Praia Grande) receberá o encontro musical de grandes nomes da música popular brasileira e instrumental. Às 19h, sobem ao palco o violonista João Pedro Borges e a cantora Célia Maria. Em seguida, às 20h, dois grupos maranhenses de choro, o Regional Tira-Teima e o Instrumental Pixinguinha vão promover um passeio pelo que há de melhor no repertório brasileiro de chorinhos e canções.

No repertório, choros de autoria de Heitor Villa-Lobos, Ernesto Nazareth, João Pernambuco e Garoto. O primeiro a se apresentar será João Pedro Borges, sozinho, ao violão. Depois, ele convida a cantora para acompanhá-lo em canções que vão de Azulão (parceria de Jayme Ovalle e Manuel Bandeira) a Piano na Mangueira (de Chico Buarque e Tom Jobim), passando por, entre outras, canções como Senhorinha (parceria de Guinga e Paulo César Pinheiro), O Velho Francisco (Chico Buarque) e Sinhá (parceria de Chico e João Bosco), além de um tema inédito de autoria de João Pedro Borges (Porto Errante).



O show promete ser um registro memorável. Célia Maria é conhecida como a “voz de ouro do Maranhão”. De timbre marcante e canto cheio de malícia, pode ser considerada das últimas representantes maranhenses das “cantoras do rádio”, época em que para gravar discos era preciso enfrentar auditórios de estúdios radiofônicos, a crítica de exigentes radialistas e ouvintes cantando ao vivo, com voz firme e expansiva. Já, João Pedro Borges tem formação erudita em violão, além de ter sido professor, entre outros, de nomes como Guinga, Raphael Rabello, César Teixeira e Josias Sobrinho. Fez parte da Camerata Carioca, grupo responsável pela renovação do choro no final dos anos 70, e participou da gravação de discos importantes da história da música popular brasileira.

No segundo momento, o encontro inédito dos grupos Regional Tira-Teima e o Instrumental Pixinguinha que farão um passeio por clássicos do choro brasileiro.



Tira-Teima é o mais antigo grupamento de choro em atividade no Maranhão, tocando desde final da década de 1970. O grupo é formado pelos músicos Paulo Trabulsi (cavaquinho), Francisco Solano (violão sete cordas), Zeca do Cavaco (cavaquinho), Serra de Almeida (flauta) e Zé Carlos (percussão). O grupo está fase de produção de seu disco de estreia.

O Instrumental Pixinguinha desenvolve pesquisas e registros de choros de compositores maranhenses. Em 2005, lançaram um disco inteiramente dedicado ao choro gravado no Maranhão Formado por professores da Escola de Música do Estado do Maranhão Lilah Lisboa de Araújo (EMEM), subirão ao palco os músicos Raimundo Luiz (bandolim), Juca do Cavaco (cavaquinho), Domingos Santos (violão sete cordas), Nonato Oliveira (percussão) e Paulo Oliveira (flauta).

8ª Aldeia Sesc Guajajara de Artes

A 8ª Aldeia segue até o dia 1º de novembro, em São Luís. Nas cidades de Itapecuru e Caxias, a programação acontece de 03 a 09 de novembro, com oficinas, espetáculos teatrais e shows. A mostra é gratuita, mas o público pode colaborar com o Programa Mesa Brasil do Sesc, que complementa milhares de refeições de crianças e adolescentes de São Luís e Caxias, doando 1 kg de alimento não-perecível nas bilheterias dos teatros.

O objetivo do evento é difundir a cultura brasileira e o talento da produção local nas mais diversas linguagens, trazendo espetáculos de circulação nacional e promover a formação de plateia. Este ano o evento passou a se chamar Aldeia, que são as mostras de arte e cultura organizadas pelos Departamentos Regionais do Sesc visando fortalecer os laços comunitários de artistas, espectadores e produtores, buscando inovar e diversificar o circuito cultural brasileiro.

Programação completa e mais informações

(98) 3216 3800 / (98) 3216 3886 / (98)8871 1079


Texto: Alberto Júnior