28 de out. de 2010

Pai e Filho emociona público





Texto: Janice Lima



Mais um sucesso de bilheteria na V MOSTRA SESC GUAJAJARA DE ARTES. Na terça-feira, 26, o espetáculo “Pai e Filho” foi o responsável por lotar a sala do teatro João do Vale.Embalado pelo antecessor, “Desertos” de Flávia Teixeira, grande parte do público seguiu do Teatro Nazareth, dando continuidade a noite de deleite cênico, desfrutando de uma “dobradinha teatral'' incrível.

A peça é baseada na obra “Carta ao Pai”, de Franz Kafka, e discorre sobre a relação de poder e submissão dentro da estrutura familiar. Um homem oprimido pelo pai que tenta enfrentá-lo, mas não consegue romper com a dominação e estabelecer um diálogo entre eles. No palco uma reflexão sobre os conflitos de gerações que rondam o seio familiar, vistos como elemento de poder.

Logo após o espetáculo os atores Cláudio Marconcine e Jorge Choairy, juntamente com o diretor da peça, Marcelo Flecha, participaram de um bate-papo, abrindo espaço para as dúvidas e observações do público sobre a apresentação. Perguntado sobre a obra, interação e substancialidade do cenário, Marcelo Flecha esclareceu: “A dramaturgia da cenografia narra boa parte de um espetáculo. Procuro trabalhar com elementos crus, que mudam aos olhos do público, isso é teatro”.

Quanto à atuação marcante no papel de um pai rígido, o ator Cláudio Marconcine explicou que independe da sua vontade, de acordo com leitura que fez do texto, criou aquela entonação, surgiu aquela figura: “O corpo e a voz em sintonia, não há como separá-los, vou edificando isso desde a sala de ensaio, que funciona como a construtora disso tudo, da nossa apresentação como um todo”. Já para o ator Jorge Choairy, que interpretou o filho, quando questionado se há alguma inspiração vinda de sua vida particular para compor o personagem, respondeu: “Racionalmente não fiz uso desse material, da minha vida em si, são só lembranças, que não me serviram de suporte, compus o personagem apenas com o conhecimento da obra do autor”.